14/05/2015

Resenha - Livro Crianças francesas não fazem manha

Resenha - Livro Crianças francesas não fazem manha
Sinopse: "Uma jornalista americana vivendo em Paris resolve investigar quais são as diferenças na criação das crianças francesas que fazem com que elas pareçam tão mais calmas e educadas que as crianças americanas. Nos anos em que vive em Paris, Pamela engravida e passa a criar seus próprios filhos com algumas das premissas francesas de educação infantil. Ali, ela se percebe dividida entre seus próprios conceitos e aqueles adotados por essa nova cultura da qual ela e a família passam a fazer parte."

Pamela Druckerman é uma americana apaixonada por sua cultura e por seu país. Entretanto, decidiu se mudar para França depois de conhecer Simon, um britânico que roubou seu coração.

Ela nunca conseguiu se sentir realmente em casa em Paris. Estranhava os costumes locais, mal conseguia se comunicar em francês e era vista com certo preconceito pelos moradores parisienses. Mas foi quando engravidou de Bean que as coisas pioraram.

Como qualquer mãe americana, desde o início da gestação, Pamela tratou de ler os mais diversos manuais e livros de autoajuda, conhecer milagrosas técnicas de como educar os filhos, se preparar para o parto e curtir a gravidez sem culpa, significando enfiar o pé na jaca e comer por dois. Quando teve a nenê, passou pelas trágicas situações de ficar noites sem dormir, viver com dedicação total à filha e enfrentar terríveis cenas de birra e de manha em público. Curiosamente, ela parecia ser a única mãe na França a ter que lidar com problemas como esses.

Conversando com as vizinhas e observando as demais mães em Paris, Pamela percebeu que as crianças francesas não só não faziam manha, como dormiam a noite toda desde o nascimento, se alimentavam bem e sabiam esperar e receber um não sem fazer chilique. Quais eram os segredos daquelas mães? O que Pamela estava fazendo de errado na educação da sua filha? Ainda havia tempo de consertar e evitar ir parar num sanatório?

Querem saber? Então leiam!

***

Quando comecei a ler  Crianças francesas não fazem manha, pensei que fosse me deparar com um manual de autoajuda que simplesmente nos dissesse de maneira técnica como deveríamos criar os nossos filhos. Por isso, me surpreendi quando comecei a lê-lo e percebi que, na verdade, se trata de um livro de memórias de uma mãe de primeira viagem que tenta compartilhar as suas experiências conosco.

Me encantei com a sua narrativa em primeira pessoa, sincera e de fácil compreensão e, assim como Pamela, fiquei espantada com as inúmeras diferenças culturais e de educação existentes entre os franceses e a gente, porque sim, do jeito que a Pamela nos fala sobre como são os americanos, notei que estamos muito próximos dos seus hábitos e noção de mundo e acabei me colocando no mesmo balaio.

Apesar de o livro ter demorado um pouco para engrenar, já que estava desesperada para descobrir os segredos das mães francesas e a autora não parava de falar de sua vida pessoal, adorei o trabalho investigativo realizado por ela e todos os comparativos científicos e culturais traçados entre a França e os Estados Unidos.

Entendo que nenhuma mãe gosta que lhe digam como deve criar seu filho, assim como muitas estudam durante um bom tempo diversos métodos para decidir quais deles irão aplicar quando o bebê nascer, defendendo-as com unhas e dentes. Porém, sempre gosto de estar aberta a novas possibilidades e debater os assuntos e, confesso, muito me interessou o jeito de ser das mães francesas.

Vi sentido em tudo que Pamela nos revelou sobre as técnicas francesas de se educar um filho, desde a Pausa, necessária para fazer com que os recém-nascidos encontrem o seu ritmo de sono; à observação do bebê, dando-lhe tempo para desenvolver a noção de paciência; aos hábitos alimentares, o incentivo à autonomia precoce, a imprescindibilidade de se encontrar um equilíbrio entre ser mulher, mãe e esposa e, principalmente, ao respeito que os pequenos devem ter para com os adultos.

Sei de muitos que vão considerar as teorias ali apresentadas um grande absurdo e um malefício às crianças, principalmente os pais adeptos da criação com apego ou educação positiva. A questão é, funcionar, elas funcionam, tudo vai depender do tipo de pai que vocês vão ser e de que tipo de filhos vão querer ter.

Independente de os franceses estarem certos ou não em seus ensinamentos, uma coisa precisamos reconhecer, cada vez mais temos visto crianças agindo feito monstrinhos sem controle, e isso me assusta muito. Os pequenos são incentivados a realizar milhares de atividades cada vez mais novos, são nervosos, irritadiços, querem tudo para ontem e se sentem verdadeiros reis. Onde essa educação egocentrista e individualista vai parar?

Conclui a leitura com algumas certezas, dentre elas que, como pais, temos que continuar sempre aprendendo e nos adaptando quando as situações assim exigirem. Assim que meu bebê nascer, pretendo tentar aplicar diversas das técnicas explanadas na obra, especialmente no que se refere à noção do "cadre", os limites franceses. Além disso, tentarei ser um pouco mais flexível com algumas regras que observei não serem tão perniciosas quanto imaginava e tentarei ser mais rígida com outras que nem sequer havia considerado.

Crianças francesas não fazem manha é um livro ótimo que ajudará a expandir seus horizontes. Perfeito para os pais que buscam soluções não milagrosas para problemas que possuem em casa.

Crianças francesas não fazem manha - Pamela Druckerman
Editora Fontanar
272 páginas
Comprar: Saraiva / Submarino / Americanas / Livraria Cultura

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